‘Comi o pão que o diabo amassou’, diz Duda

Por Luís Pablo Brasil
 

Folha

Sete anos após o escândalo do mensalão, Duda Mendonça afirma, em entrevista à Folha, que comeu o “pão que o diabo amassou”, mas que o pior momento foi uma cirurgia em 2006. “Diante da morte, todo o resto fica pequeno”, afirmou.

Responsável pela campanha de Lula em 2002, Duda recebeu à época mais de R$ 11 milhões do PT. A revelação feita por ele à CPI dos Correios de que parte do pagamento ocorreu em uma conta no exterior representou um dos momentos mais tensos do escândalo.

“Ouvi de muita gente que fui um otário por falar a verdade, mas, no final, ter falado a verdade me salvou.”

Ele e a sócia Zilmar Fernandes foram acusados de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, mas foram absolvidos pelo Supremo Tribunal Federal na semana passada.

Duda diz que nunca rompeu com Lula e que chegou a conversar com Dilma Rousseff para trabalhar na sua campanha. A entrevista foi concedida por e-mail:

Folha – Apesar de absolvido, o senhor diria que este período aguardando o julgamento foi uma condenação?
Duda Mendonça – Não. Sempre acreditei na Justiça. Mas, sem dúvida, eu e minha mulher, meus sete filhos e meus sete netos sofremos muito durante toda a espera do julgamento. Sofri o pão que o diabo amassou. Perdi praticamente todos os clientes na minha agência. Botei quatro pontes no coração. Não morri por pouco. Ouvi de muita gente que fui um otário por falar a verdade, mas, no final, ter falado a verdade me salvou.

O STF condenou figuras de destaque. O senhor chegou a perder as esperanças?
Nunca. Tenho muita fé em Deus, nos meus santos protetores e nas forças do universo. Tive muito medo de ser condenado, mas jamais perdi as esperanças.

Como o senhor se preparou? Conversou com os seu filhos sobre prisão?
Tive um grande apoio da minha família, mas prevenia sempre meus filhos de que o pior poderia acontecer. Foram poucos os momentos bons nestes sete anos. Sem dúvida, o pior foi a cirurgia do coração. Estive à beira da morte, com 90% de bloqueio nas duas principais artérias do coração. Fui operado de urgência no Sírio-Libanês. Diante da morte, todo o resto fica pequeno.

Mesmo após o escândalo, o senhor manteve consultorias com campanhas políticas, como Maranhão e Fortaleza. O senhor não pensa em abandonar propostas políticas depois do desgaste que passou nestes sete anos?
Mantive algumas consultorias que me ajudaram a sobreviver. No Brasil, a coisa ficou difícil para mim. Todos ou quase todos elogiavam meu talento, mas aguardavam o julgamento, que não chegava nunca! Foi então que decidi abrir uma filial em Portugal, mesmo em tempo de crise. Ganhei a maior conta de varejo de lá.

Hoje se arrepende de ter sido um dos responsáveis pelas revelações de que o PT pediu abertura de conta no exterior para receber o pagamento?
Por respeito à Justiça e por orientação dos meus advogados, não vou comentar nada que fez parte do julgamento.

O senhor manteve contato com o ex-presidente Lula ou estão rompidos desde então?
Não estou rompido com o presidente Lula de forma alguma. Sempre o admirei e continuo a admirar. Apenas nos afastamos, o que era inevitável.

O senhor conversou com Dilma em 2010? Sentiu-se injustiçado por não ter sido escolhido para a campanha?
Jamais me senti injustiçado. Já trabalhei com a presidente Dilma. Tenho respeito e admiração por ela. Conversei com ela. Fiquei muito feliz, mas não deu certo. Naquele momento, não seria bom para ela. Foi a decisão mais sensata.

2 comentários em “‘Comi o pão que o diabo amassou’, diz Duda”

  1. DI.. OLHO

    campanha nao si fais sem dinheiro

  2. LAPADAO

    este ai e um ladrao isto sim sofreu o que so se foi para contar a grana roubada

Deixe um comentário:

Formulário de Comentários