Igreja abandona hospital de 100 leitos no Maranhão

Por Luís Pablo Maranhão
 

O Maranhão é o estado mais pobre do Brasil com o menor índice de desenvolvimento humano. Na região sul do Estado, o município mais pobre e com imensos problemas de ordem econômica e social é Montes Altos, com população de aproximadamente 10 mil habitantes e IDH de apenas 0,61.

Em Montes Altos, o índice de mortalidade infantil é altíssimo, chegando a 90 mortes por cada mil recém-nascidos. Para piorar, a expectativa de vida é de apenas 61 anos, quando a média brasileira é de 75 anos. Embora as necessidades sejam imensas, especialmente na área de saúde, tanto para Montes Altos como para a região Oeste maranhense, um hospital pertencente à Igreja Católica que está fechado há quase uma década.

Construído na década de 1970 pelo frei Aristides Arioli, o prédio com boas instalações comporta 100 leitos. Localizado num amplo terreno que domina uma posição estratégica no município, a “Casa Pontifícia Alívio do Sofrimento Dr. Piero Saronio” está abandonada. Nos últimos anos chegou a servir como um ambulatório, mas atualmente nem abre para simples consultas.

O hospital, que hoje é chamado de Casa Pontifícia Alívio do Sofrimento, estaria sendo administrado ilegalmente por uma associação criada para capitalizar, unicamente, recursos públicos, sem atender às necessidades de toda a população da microrregião.

A Igreja Católica parece ter abandonado a instituição desde a morte do frade Aristides Arioli, no dia 8 de agosto de 1995.
De acordo com um livro escrito por Nestor Bráulio Milhomem Ferraz, mais tarde queimado em praça pública, a morte do padre nunca foi bem explicada. O escritor afirma que “há quem garanta que ele fora vítima de homicídio, do qual o principal suspeito é o seu quisto e protegido Zé, o analfabeto e ambicioso Zé do Padre, um carpinteiro sem grandes qualidades que foi, por amor do padre, elevado à condição de diretor do hospital”.

O hospital foi construído com recursos da comunidade local, provocada à época pelo frei Aristides. Mas boa parte do dinheiro veio de uma doação feita pela viúva Angela Boseli, esposa de um engenheiro químico e proprietário de uma rede de laboratórios na Itália. Por conta dessa gratidão é que o hospital tem em seu nome Dr. Piero Saronio.

Na época da inauguração, em 26 de julho de 1974, a Casa Pontifícia foi doada à Igreja, mantendo-se sob os olhares do frade por pouco mais de trinta anos.

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