Mulheres ampliam sua participação na política

Por Luís Pablo Maranhão
 

Glaucione Pedroza / Imparcial

Quando o comunista Che Guevara disse que “hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás” (Há que ser duro, porém sem perder a ternura jamais), ele não fazia referência às mulheres. Mas a frase cai muito bem para elas, que hoje já possuem atuação na política, em número longe do ideal, mas que vêm conquistando espaços e posições de destaque antes em cargos estigmatizados como masculinos.

O cargo de maior poder no país está sob o comando de uma mulher, Dilma Rousseff, a primeira presidente do gênero feminino no Brasil. No Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), governa o estado pela quarta vez. Em 1994, a atual governadora havia sido eleita pela primeira vez e ganhou destaque nacional por ter sido a primeira governadora mulher no país, sendo reeleita também em 1998.

Mulheres conduzem o judiciário maranhense.

Mulheres conduzem o judiciário maranhense.

Outra área de destaque é o Judiciário maranhense, cuja presidência da mais alta corte é regida pela desembargadora Cleonice Freire, que é auxiliada ainda por duas magistradas, a desembargadora Anildes Cruz, que é vice-presidente e a desembargadora Nelma Sarney, que é Corregedora-Geral de Justiça.

As estatísticas comprovam que, em números, as mulheres são o gênero que estão em maioria no país, em relação aos homens. O Censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que dos mais de 190 mil habitantes brasileiros, 51% são mulheres e 49% são homens. Apesar dos números, a participação política da mulher tem demorado a ser consolidada nos espaços ditos masculinos.

Política maranhense

Apesar de o alto comando do Executivo maranhense estar sob a responsabilidade feminina, mulheres pouco têm participação efetiva com cargos eletivos. Por isso, em espaços ditos masculinos, elas chegam a reclamarem-se de algum tipo de preconceito vivido.

No Poder Legislativo maranhense, a participação feminina ainda é tímida. Em um universo de 42 deputados estaduais, apenas sete são do sexo feminino. Na Câmara Municipal de São Luís a atuação de mulheres, em número, é ainda menor: apenas 3 vereadoras são mulheres, em um total de 31 vereadores, eram quatro, mas Helena Duailibe (PMDB), saiu.

A deputada Eliziane Gama (PPS), por exemplo, relata que no começo do primeiro mandato sofreu algum tipo de preconceito por tentar ocupar espaços que ganharam destaque, como a presidência das Comissões.

“Hoje no oitavo ano de deputada estadual a situação é diferente. Quando eu entrei eu era muito nova e ainda por cima mulher. Passei muitas situações de preconceito e não diria nem que era velado, era explicito em relação à minha atuação e o meu posicionamento. Tive que ser firme para ocupar alguns espaços, como chegar à presidência de algumas Comissões”, relembrou a parlamentar.

Eliziane também criticou a estrutura institucional do Poder Legislativo, que possui uma política voltada para ser uma casa masculinizada. “É tão firme o preconceito contra a mulher que a Assembleia tem um grupo de esposas de deputados, mas não tem um grupo de maridos de deputadas. Temos uma estrutura institucional que respalda isso. Aqui é uma casa de deputados e não de deputadas”, afirmou.

Nos partidos políticos as mulheres garantiram seu espaço de forma efetiva, com a segmentação de algumas siglas que elaboram propostas de políticas públicas direcionadas para o público feminino, objetivando o crescimento do debate para o gênero. A secretária estadual de Mulheres do PT, Berenice Silva vê de forma positiva a participação das mulheres na política.

“Eu vejo de forma positiva [a participação feminina na política], nós tivemos bastante avanço em relação a um reconhecimento da sociedade em relação a um papel da mulher, principalmente nos espaços de poder. Ao mesmo tempo nós temos problemas seculares como é o problema da violência e do próprio machismo que ainda impera”, ressaltou a secretária.

Berenice afirmou ainda que a gestão de Dilma Rousseff ampliou a participação feminina no executivo federal. “A presidenta Dilma, além de ser de um simbolismo muito grande e mais que um simbolismo tem algo concreto, ela nomeou mais de 20% nos espaços de governo do primeiro escalão, então nós temos várias ministras e a primeira mulher presidenta da Petrobras”, declarou.

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