Negociação não é imposição; greve dos militares poderia acabar hoje

 

Blog do Luís Cardoso:

A greve dos PMS e do Corpo de Bombeiros perdeu a oportunidade de ser encerrada hoje. Como desejava o coronel Ivaldo Barbosa, um dos militares mais importantes pelo equilíbrio e sensatez do movimento, os manifestantes iriam dormir em suas casas, na noite de hoje. Um sonho que deveria se transformar em realidade. Era o fim da greve tão almejada por eles e, principalmente, pela sociedade, e uma derrota da insensibilidade do governo.

Mas a intransigência falou mais alto. Faltou raciocínio lógico e maturidade para que a manifestação paredista chegasse ao final vitoriosa. A tropa não tem culpa.

Movimento grevista dos militares

Movimento grevista dos militares

Ora, quem quer negociar não pode impor 100% do que pretende. Negociação, em hipótese alguma, significa imposição. Do contrário, melhor seria nem sentar à mesa.

O Governo do Estado, após relutar, flexibilizou e cedeu. Primeiro acatou as propostas de anistia, de não retaliações ou punições aos grevistas. Já era uma vitória.

Agora, já no início da noite de hoje, conforme informações prestadas ao blog por um deputado verdadeiramente oposicionista, o governo aumentou de 10% para 19% o reajuste de 30% das perdas salarias reclamadas pelos grevistas. E mais: 10% em 2012 e 10% em 2013.

Quem luta por um reajuste salarial de 30% não pode radicalizar se os índices não chegam aos pleiteados. É uma negociação.

Seria o grande momento de fechar o acordo já, com mais da metade da conquista almejada. Para quem pretendia punir com deserções (expulsões), descontos na folha dos dias parados, o não recebimento do décimo terceiro salário.

Mas a questão salarial emperrava o acerto. Pior se o outro lado oferecesse apenas menos ou a matede do que queriam os grevistas.

Mas existe uma explicação para o caso. O comando da greve local virou nacional. Existe um movimento, que começou exitoso no Tocatins, desembocou no Piauí e agora deve se alastrar em diversos outros estado para pressionar a presidente Dilma Rousseff a colocar na pauta do Congresso a PEC 300, que unificará os salários dos militates em todos o país, com soldos de até R$ 3,9 mil.

Nada contra. O militar tem, sim, que ganhar, bem. Afinal, exerce uma função fundamental; até porque mantém a segurança do nosso lar e de nossas vidas, expondo sua própria existência.

Mas querer que a PEC 300 seja logo implantada no Maranhão, antes de ser aprovada no Congresso Nacional – até que seria um grande avanço – pode resultar inicialmente em prejuízos para manifestações locais.

Creio que o movimento perdeu o time de devolver, hoje à noite, militares cansados, estressados, ansiosos e impacientes, aos seus lares, ao convívio familiar, e manhã ao trabalho. Mas nada que não possa ser reavaliado os próximos passos.

E o blog, assim como tem se colocado desde o início da greve, que tem sido ordeira e pacícifa, continuará registrando e analisando as manifestações favoráveis à luta por melhores condições de vida e de dignos salários.

4 comentários em “Negociação não é imposição; greve dos militares poderia acabar hoje”

  1. Fernandes

    Olha, amigo Pablo! Essa de alguem te passar essa informaçao que foi oferecido 19% e 10% nos anos seguintes nao passa de especulaçoes, isso nao existiu. A verdade é que o governo tentou negociar com 10% agora e 6% nos proximos tres anos o que nao foi aceito. Informaçao segura.

  2. Everton

    Só para esclarecer, o salário da PM não é baseado nos vencimentos do soldado e sim do coronel, isso que se chama de escalonamento vertical, para resumo do comentário, o salário do soldado é 24% do salário de um coronel, ou seja, o aumento real não foi de 10% apenas de 3% essa é apenas uma manobra do governo para jogar a sociedade contra o movimento grevista, peço que o dono do blog faça uma nota sobre isso, para esclarecer a sociedade assim não haja dúvida quanto a lisura do movimento paredista.
    Obrigado

  3. meri

    realmente vamos postar so o q é veridico, basta o sistema mirante com suas mentiras. ok

  4. Pedro Sergio

    Há um aspecto importante nessa greve dos militares que parece não estar sendo levada em conta pelo comando do movimento. É um seguinte.

    Os militares devem correr contra tempo, ou seja, têm que fechar algum acordo na próxima rodada de negociação, caso contrário poderão ficar sem qualquer aumento nos seus soldos.

    É que há questões de ordem legal e administrativa que podem impedir qualquer aumento no que já está estabelecido na proposta orçamentária para o exercício de 2012. Ou seja, havendo alteração para que seja concedido aumento aos militares, o Poder Legislativo devolve a proposta orçamentária ao Executivo para que seja adequada ao novo salário dos policiais e bombeiros militares. Outra coisa importantíssima: o Orçamento do Estado para o exercício de 2012 ainda não foi votado e a Assembleia Legislativa entra em recesso no próximo dia 22.

    Se nesta sexta-feira (2) não houver entendimento entre governo e comando de greve em torno de um percentual de aumento, prevalecerá o que foi aprovado pela Assembleia e os militares ficarão sem conseguir qualquer reajuste.

    Mais: um acordo fora do tempo hábil pode fazer com que não dê tempo para que uma nova lei seja aprovada e aí, não somente os militares, mas servidores da Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública etc, podem ser todos prejudicados

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